terça-feira, 1 de novembro de 2011

Professora redescobre a moda através de suas memórias

Gabriel Alves Leite
Débora Ferreira Andrades

(AECA Ceunsp Ciência) A professora do curso de Design em Moda do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio Fátima Lúcia Cruz realizou na “Casa do Lago” (Unicamp), em setembro passado, uma exposição sobre moda, baseada em suas experimentações e lembranças.

Fátima é especialista em Moda e Criação pela Faculdade Santa Marcelina, especialista em Artes Visuais pela Unicamp e proprietária de quatro lojas de varejo no segmento de moda. Seus trabalhos são pautados por elementos recorrentes do universo cotidiano: tecidos, fios e roupas e por aquilo que há de mais sincero na professora.

Os tecidos de algodão, desde a sua origem no plantio, já possuem memórias, que remetem à minha história pessoal que, como uma máquina fotográfica busca o foco em determinado lugar no passado, para deixá-lo presente”, conta a professora.

Em seus trabalhos, Fátima faz questão do uso de fotografias, mas sem se preocupar muito com a técnica. A fotografia, para ela, é só um meio para registrar os objetos que lhe interessam, neste caso, roupas usadas. “As roupas que utilizo nas fotografias são usadas e, de alguma forma, mantêm uma relação de afetividade comigo. Cada uma delas conta uma história, retratando pessoas e acontecimentos relacionados à minha memória”, diz Fátima.

Roupas usadas me interessam, justamente por serem usadas. Impregnadas de memórias, são materiais de uso e elementos essenciais de para criação da minha poética pessoal. Roupas já usadas, justamente por terem a sua própria história, possuem memória, que surgem desde a fiação do tecido, passam pela criação da roupa, pela sua costura, e se unem à memória de quem as usa”, considera a especialista.

Segundo a professora, “no momento em que faço uso destas roupas, ocorre uma perda prática da roupa, num processo de apagamento que atinge a matéria enquanto ser-tecido. Esse suporte é planificado, transformado numa página de caderno, ou em outra estrutura narrativa, como imagem sequência.”

Para os trabalhos, Fátima prefere fotografar roupas de pessoas que gosta e que de alguma forma estão atreladas à sua memória. “Em alguns deles, retrato-me através da roupa, e nesse retratar-me sou objeto de mim mesma. As roupas impregnadas de histórias e memórias imprimem no tecido meus estados emocionais”, completa a professora.

A apresentação de seus trabalhos se dá sempre de forma intimista e fechada. Que considera ser uma característica de sua personalidade. Ao mesmo tempo existe sempre o desejo de que o observador desvende o seu universo. “As lembranças me surgem de um estado virtual para um estado real, através dos elementos que constituem os trabalhos que são a memória dos tecidos, da roupa que abriga, minha memória, minha história.”

Fátima afirma que não poderia realizar nenhum trabalho que não fosse feito dessa maneira. “Eu acredito que este processo está longe de encontrar um suporte final. O que sinto é uma sensação do inacabado, de coisas por fazer, e uma vontade grande de experimentações, de novas descobertas”, finaliza a professora”.

Gabriel Alves Leite e Débora Ferreira Andrades são estudantes do
Curso de Jornalismo do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio

Fátima Cruz, do curso de Design de Moda do Ceunsp

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