Tamara Horn
Stephen Hoffman
(AECA
Ceunsp Ciência) O interesse pela literatura começou cedo. Desde
criança, o professor dos cursos de História e de Letras do Centro
Universitário da Nossa Senhora do Patrocínio (Ceunsp), Fabio
Martinelli , se encantava com poemas. E a partir deste ponto a sua
ânsia para estudar o conhecido “poeta da morte”, Augusto dos
Anjos, só cresceu.
Martinelli
é graduado e especializado em História. Durante sua graduação, o
professor começa a pensar na literatura maldita do Brasil no século
XIX. Em seu mestrado, já iniciado no tema, o interesse se volta para
pontos dos primeiros tradutores de Charles Baudelaire no Brasil, em
especial o poeta – tido como parnasiano –, Teófilo Dias.
Augusto
dos Anjos, de alguma maneira, está vinculado a literatura maldita,
pois se torna um dos herdeiros de Baudelaire, com a sua poesia de
putrefação. A ideia do doutorado seria iniciar uma pesquisa sobre
Augusto, que deveria ser considerado um poeta moderno. Martinelli
questiona que “se em 1857, na França, Baudelaire já é
considerado o poeta da modernidade, por que o nosso Augusto
dos Anjos, em 1910, seria menos moderno?”
Martinelli
buscou relacionar o poeta brasileiro com o filósofo alemão
Friedrich Nietzsche, já que ele trabalha com um pouco de tragédia –
fator bastante forte e presente nas poesias do século XIX. Mas
Augusto se alimenta de vários conjuntos de leituras em que Nietzsche
está presente e não necessariamente seria um “seguidor” do
filósofo.
Na
pesquisa de Martinelli existem duas vertentes: o fato de que Augusto
dos Anjos tem um gosto por certos temas que são caros à filosofia
nietzschiana. Em outra, Augusto é visto como um nietzschiano.
Augusto
dos Anjos perverte a ciência e o lirismo como poesia de amor para
fazer aquela que vem do chão, das bactérias, dos fungos – a
poesia universal. “O ser humano deveria involuir para se tornar o
além homem”, afirma Martinelli, ao sintetizar a perspectiva do
poeta brasileiro.
O
trágico é aquilo que purifica o ser humano, e é a partir disto que
se faz a poesia. É preciso desmitificar certos rótulos que são
dados para os poetas brasileiros. Confunde-se muito a bibliografia do
poeta com o seu eu lírico. Não é porque Augusto dos Anjos escreve
sobre a morte que ele seria um “moribundo andante” ou que ele
indique a morte, diz Martinelli.
O
único livro do poeta é “Eu e outras poesias”, que em cada
edição estoura em vendas. E não se sabe ao certo porque este tema
vende tanto. Talvez seja porque a vida é árida, e as pessoas têm
essa consciência. É preciso enfrentar a aridez da vida.
Martinelli escreve em um blog: sonsdemodorra.blogspot.com
Tamara Horn e Stephen Hoffman são alunos do Curso de
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