terça-feira, 1 de novembro de 2011

A desmistificação de um poeta


Tamara Horn
Stephen Hoffman

(AECA Ceunsp Ciência) O interesse pela literatura começou cedo. Desde criança, o professor dos cursos de História e de Letras do Centro Universitário da Nossa Senhora do Patrocínio (Ceunsp), Fabio Martinelli , se encantava com poemas. E a partir deste ponto a sua ânsia para estudar o conhecido “poeta da morte”, Augusto dos Anjos, só cresceu.

Martinelli é graduado e especializado em História. Durante sua graduação, o professor começa a pensar na literatura maldita do Brasil no século XIX. Em seu mestrado, já iniciado no tema, o interesse se volta para pontos dos primeiros tradutores de Charles Baudelaire no Brasil, em especial o poeta – tido como parnasiano –, Teófilo Dias.

Augusto dos Anjos, de alguma maneira, está vinculado a literatura maldita, pois se torna um dos herdeiros de Baudelaire, com a sua poesia de putrefação. A ideia do doutorado seria iniciar uma pesquisa sobre Augusto, que deveria ser considerado um poeta moderno. Martinelli questiona que “se em 1857, na França, Baudelaire já é considerado o poeta da modernidade, por que o nosso Augusto dos Anjos, em 1910, seria menos moderno?”

Martinelli buscou relacionar o poeta brasileiro com o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, já que ele trabalha com um pouco de tragédia – fator bastante forte e presente nas poesias do século XIX. Mas Augusto se alimenta de vários conjuntos de leituras em que Nietzsche está presente e não necessariamente seria um “seguidor” do filósofo.

Na pesquisa de Martinelli existem duas vertentes: o fato de que Augusto dos Anjos tem um gosto por certos temas que são caros à filosofia nietzschiana. Em outra, Augusto é visto como um nietzschiano.

Augusto dos Anjos perverte a ciência e o lirismo como poesia de amor para fazer aquela que vem do chão, das bactérias, dos fungos – a poesia universal. “O ser humano deveria involuir para se tornar o além homem”, afirma Martinelli, ao sintetizar a perspectiva do poeta brasileiro.

O trágico é aquilo que purifica o ser humano, e é a partir disto que se faz a poesia. É preciso desmitificar certos rótulos que são dados para os poetas brasileiros. Confunde-se muito a bibliografia do poeta com o seu eu lírico. Não é porque Augusto dos Anjos escreve sobre a morte que ele seria um “moribundo andante” ou que ele indique a morte, diz Martinelli.

O único livro do poeta é “Eu e outras poesias”, que em cada edição estoura em vendas. E não se sabe ao certo porque este tema vende tanto. Talvez seja porque a vida é árida, e as pessoas têm essa consciência. É preciso enfrentar a aridez da vida.

Martinelli escreve em um blog: sonsdemodorra.blogspot.com

Tamara Horn e Stephen Hoffman são alunos do Curso de
Jornalismo do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio

Fábio Martinelli, professor do Ceunsp

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