Aline
Xavier
Fernando
Santos
(AECA
CEUNSP Ciência) Todo
lixo deve ser descartado, certo? Errado. Nem todo lixo tem que
necessariamente ser descartado. Dá para reaproveitar e produzir
coisas para inúmeras finalidades. O professor do Ceunsp, Elio
Ferrato, 62 anos, mostra que isso é possível. O assunto –
regulação do uso do bagaço de cana-de-açúcar e seus derivados –
foi tema de seu doutorado em engenharia de produção.
Segundo
Ferrato, o objetivo da pesquisa foi alertar a comunidade científica,
autoridades e sociedade para que houvesse políticas públicas para
defesa futura do uso do bagaço da cana. De acordo com ele, o produto
é utilizado para fazer etanol de segunda geração e na indústria
autoquímica, como base para a produção de materiais variados. E
pode ser muito usado também em outras aplicações diferenciadas,
como na construção civil e na indústria moveleira. “O bagaço
passou a ter um valor econômico e industrial muito superior”,
conta Ferrato.
O
docente cita ainda o exemplo do Rio de Janeiro, onde a prefeitura
comprou coletores de lixo produzidos a partir do bagaço da cana.
Quanto aos custos, o professor diz que é relativamente barato fazer essa transformação do bagaço de cana. “Na minha tese de doutorado eu falei sobre custos na transformação em eletricidade e, me auxiliando de estudos de outro estudioso da USP, foi comprovado que era um bom negócio transformar o bagaço.”
Ferrato
diz que o governo deve ser o grande interessado para que esse projeto
seja posto em prática. Mas, de acordo com ele, do ponto de vista
estratégico, ainda faltam incentivos. “Nesses primeiros meses do
ano importamos álcool produzido a partir do milho dos Estados
Unidos, isso é uma vergonha. O Brasil possui uma capacidade muito
grande de produção de cana-de-açúcar e produção de açúcar e
álcool ter que importar etanol não é algo a se orgulhar.”
A
queima do bagaço de cana polui o ambiente, mas o pesquisador afirma
que a produção do álcool de segunda geração é mais benéfica ao
ambiente. “É sem duvida 80% menos poluidor do que a queima da
cana. Isso seria altamente benéfico pra sociedade.”
Para
realizar a pesquisa, o professor fez algumas entrevistas, inclusive
com o ex-ministro da agricultura Roberto Rodrigues, esteve em
plantações de cana-de-açúcar, em usinas, conversou com pessoas
que entendiam do assunto e adquiriu informações em bibliografias de
vários autores.
“Existe
uma grande chance de no futuro reaproveitarmos o lixo. Do lixo
podemos gerar energia elétrica também, é possível que no futuro
sejamos adaptados para transformar todo o lixo em uma outra coisa”,
finaliza.
Aline
Xavier e Fernando Santos são estudantes do
Curso
de Jornalismo do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio
Elio Ferrato é doutor em Engenharia
de Produção e professor no Ceunsp
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