quinta-feira, 10 de maio de 2012

Bagaço de cana pode virar energia


Aline Xavier
Fernando Santos


(AECA CEUNSP Ciência) Todo lixo deve ser descartado, certo? Errado. Nem todo lixo tem que necessariamente ser descartado. Dá para reaproveitar e produzir coisas para inúmeras finalidades. O professor do Ceunsp, Elio Ferrato, 62 anos, mostra que isso é possível. O assunto – regulação do uso do bagaço de cana-de-açúcar e seus derivados – foi tema de seu doutorado em engenharia de produção.

Segundo Ferrato, o objetivo da pesquisa foi alertar a comunidade científica, autoridades e sociedade para que houvesse políticas públicas para defesa futura do uso do bagaço da cana. De acordo com ele, o produto é utilizado para fazer etanol de segunda geração e na indústria autoquímica, como base para a produção de materiais variados. E pode ser muito usado também em outras aplicações diferenciadas, como na construção civil e na indústria moveleira. “O bagaço passou a ter um valor econômico e industrial muito superior”, conta Ferrato.

O docente cita ainda o exemplo do Rio de Janeiro, onde a prefeitura comprou coletores de lixo produzidos a partir do bagaço da cana.

Quanto aos custos, o professor diz que é relativamente barato fazer essa transformação do bagaço de cana. “Na minha tese de doutorado eu falei sobre custos na transformação em eletricidade e, me auxiliando de estudos de outro estudioso da USP, foi comprovado que era um bom negócio transformar o bagaço.”

Ferrato diz que o governo deve ser o grande interessado para que esse projeto seja posto em prática. Mas, de acordo com ele, do ponto de vista estratégico, ainda faltam incentivos. “Nesses primeiros meses do ano importamos álcool produzido a partir do milho dos Estados Unidos, isso é uma vergonha. O Brasil possui uma capacidade muito grande de produção de cana-de-açúcar e produção de açúcar e álcool ter que importar etanol não é algo a se orgulhar.”
A queima do bagaço de cana polui o ambiente, mas o pesquisador afirma que a produção do álcool de segunda geração é mais benéfica ao ambiente. “É sem duvida 80% menos poluidor do que a queima da cana. Isso seria altamente benéfico pra sociedade.”

Para realizar a pesquisa, o professor fez algumas entrevistas, inclusive com o ex-ministro da agricultura Roberto Rodrigues, esteve em plantações de cana-de-açúcar, em usinas, conversou com pessoas que entendiam do assunto e adquiriu informações em bibliografias de vários autores.

Existe uma grande chance de no futuro reaproveitarmos o lixo. Do lixo podemos gerar energia elétrica também, é possível que no futuro sejamos adaptados para transformar todo o lixo em uma outra coisa”, finaliza.

Aline Xavier e Fernando Santos são estudantes do
Curso de Jornalismo do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio

Elio Ferrato é doutor em Engenharia
de Produção e professor no Ceunsp



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