quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Brincando de aprender


Anderson Luiz
Larissa Ferreira

(AECA Ceunsp Ciência) Responda rápido, você ainda se lembra de algum professor que teve na infância? Se a resposta foi sim, então os ensinamentos dele foram além dos conteúdos pedagógicos e, provavelmente, ele deve ter lhe deixado lições que são úteis em diversos momentos da sua vida e que não estão nos livros didáticos.

Danilo de Moraes Ming, 22, e Paulo Henrique Muniz, 21, estudantes do último ano do curso de Educação Física do Ceunsp (Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio) provavelmente permanecerão por muito tempo nas memórias de alguns de seus alunos.


Os estudantes estagiaram no Sesi de Itu e, ao longo dessa experiência, perceberam os diferentes níveis de desenvolvimento motor, cognitivo e psicossocial entre crianças de uma mesma faixa etária. Assim, surgiu a idéia de criar uma metodologia de ensino que possibilitasse equiparar a evolução desses alunos.


A elaboração desse método foi o trabalho de licenciatura apresentada pelos dois estudantes no final do ano passado. Danilo e Paulo Henrique, orientados pelo professor Rafael Pombo, queriam ensinar os alunos a pensar rápido e executar os melhores movimentos durante uma competição. “Nas escolinhas de esporte ensinam as crianças a chutar e defender, mas esquecem de mostrar a elas a importância de se fazer uma análise das melhores ações para cada momento do jogo”, disse Paulo Henrique.


A pesquisa, feita com crianças de sete a nove anos, começou em uma partida da tradicional brincadeira infantil, o pique bandeira. Primeiro, os estudantes pediram para que o grupo jogasse como estava acostumado. A atividade foi filmada e o resultado mostrou crianças gritando e correndo em diversas direções, sem nenhuma preocupação com o jogo e sim em roubar a bandeira da equipe adversária.

Para evitar que as crianças se inibissem diante das câmeras algumas atividades anteriores também foram filmadas, para que a classe se acostumasse com os equipamentos de filmagem. Após análise das gravações, eles não aplicaram mais o pique bandeira e partiram para outras atividades como o corre cotia e mãe da rua.

Depois de algumas aulas e das orientações passadas às crianças – especialmente voltadas às questões de estratégia --, os professores voltaram a aplicar a primeira brincadeira e perceberam, depois de analisar uma nova filmagem, que as crianças estavam mais preocupadas com os aspectos táticos e em ocupar espaços na quadra do que em roubar a bandeira do time adversário.


Ao final do trabalho eles perceberam a evolução dos alunos. A dupla relembra o caso de um menino que tinha sérios problemas de convívio e que após participar das atividades da pesquisa, melhorou o comportamento durante as aulas, passando a se empenhar mais.


Os dois estudantes estão trabalhando, separadamente, em suas teses de bacharelado, que serão apresentadas no final desse ano. Danilo está pesquisando sobre a melhor forma de se tratar o rompimento de ligamentos do joelho através de exercícios físicos em academias., Já Paulo Henrique partiu para o estudo das variáveis cardíacas de jogadores de handebol durante os treinos.


Mesmo apaixonado pela profissão, Danilo diz que a Educação Física está sendo banalizada. “Passamos por um processo de formação, mas vemos que na prática é muito diferente: nossa área é mais do que a prática de esporte; é o conhecimento do próprio corpo.” Para Paulo Henrique um dos problemas é a falta de especialização dos professores. Ele diz que “muitos alunos passam pela fase escolar sem entender o objetivo da nossa matéria.”


Além de influenciar no desenvolvimento da tese, o estágio no Sesi fez com que Danilo descobrisse o quanto gosta de lecionar. “É mais importante acompanhar o desenvolvimento de uma criança desde o início da vida escolar do que ficar dentro de uma academia”, diz


Paulo Henrique conta que depois de acompanhar a equipe de handebol de Itu em uma competição percebeu como um técnico esportivo pode mudar a vida de uma pessoa. “O esporte por si só não salva ninguém de uma realidade de risco, o professor é fundamental no processo de transformação da vida de um atleta”, finaliza.



Anderson Luiz e Larissa Ferreira são alunos do
Curso de Jornalismo do Ceunsp (Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio).


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