segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Professora resgata notícia perdida no tempo

Fernando Santos

(AECA CEUNSP Ciência) Ter que fazer uma investigação minuciosa para encontrar críticas jornalísticas que já foram dadas como perdidas no tempo e na história. Parece filme ou tarefa de detetive. Mas, foi o que a professora do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP), Angela Maria Gonçalves da Costa, 37, fez em sua tese de doutorado em teoria e história literária pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em 2006. O trabalhou levou o título de “Uma trajetória do esquecimento - o poema A Nebulosa, de Joaquim Manuel de Macedo, e sua recepção critica”.

Tudo começou do desejo de resgatar o poema que ficou esquecido. A professora conta que antes de ser romancista o autor foi poeta e depois que escreveu “A Moreninha” caiu no gosto popular. “Ficou romântico e se tornou o queridinho dos escritores. No entanto, a sua poesia ficou esquecida”, lembra Angela. 

“Quando lançada em 1857, a poesia A Nebulosa fez grande sucesso e os jornais comentavam a obra. Com o passar dos anos, por volta da década de 1860, como ele já havia escrito A Moreninha na década de 1840 e caiu no gosto popular, começou a escrever romances um após o outro e esqueceram-se do poema dele”, conta. A tese da professora traz à tona a importância de Macedo não só como romancista, mas também como poeta.

A pesquisa trabalha com a fortuna crítica da obra. Angela resgatou tudo o que foi falado sobre a poesia, da primeira notícia que, de acordo com ela, foi através do Correio Mercantil, até a última que se tem a respeito em jornais, revistas e críticas literárias.

No século XIX era através dos jornais que chegavam informações e também as obras literárias. Segundo a professora, as críticas jornalísticas faziam trocas de elogios entre os autores para promover a obra de cada um, os panegíricos.

No inicio do trabalho a professora conta que foi difícil encontrar a crítica de Bernardo Guimarães que não fazia elogios à obra e sim uma análise, mas que havia desaparecido. “Eu sabia pelas pistas que ela estava em um jornal chamado A Atualidade do Rio de Janeiro, fui até a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro à procura do jornal, mas ele não existia mais. Procurei em Minas Gerais porque o Bernardo Guimarães é de lá, mas também não encontrei”, relata.

Voltou para a Unicamp e a orientadora indicou um arquivo de jornais microfilmados. Foi que encontrou as seis críticas feitas no jornal A Atualidade. “Foram documentos essenciais e inéditos que sem eles não havia como fazer uma crítica do romantismo brasileiro hoje”, comenta.

De acordo com a professora esse esquecimento se deve ao fato de que era muito mais interessante para os leitores as histórias que apresentavam verossimilhança com a vida delas do que ler poesia, que é mais difícil e requer mais atenção do leitor. “É como as novelas hoje”, compara.

A professora revela que vai fazer com que a memória do poema não seja esquecida. “Estou fazendo uma reedição, sai esse ano. É A Nebulosa, com uma introdução minha, pela Ateliê Editorial, para um público universitário.”

A professora finalmente cumprirá com o desejo de resgatar o poema esquecido e A Nebulosa vai voltar às estantes.

Fernando Santos é estudante de Jornalismo
 do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP)

Angela Gonçalves da Costa é doutora em Teoria Literária





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