terça-feira, 30 de outubro de 2012

Celular emite radiação e pode causar danos no longo prazo


Fernando Santos

(AECA CEUNSP Ciência) Antes era um “tijolão”. Hoje, existem os ultrafinos e com milhares de funções. Os aparelhos celulares provocaram uma revolução na comunicação humana e atualmente são indispensáveis, tanto que é como se fizessem parte do nosso corpo. Não largamos dele para nada. Está no bolso, na mão, na bolsa, debaixo do travesseiro enquanto dormimos. No entanto, esses aparelhos emitem radiação e podem fazer mal à saúde, até mesmo provocar câncer.

Em sua dissertação de mestrado a coordenadora dos cursos de Engenharia Elétrica e Mecatrônica do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP), Scheila Guedes Garcez, mostra que essa exposição e proximidade com aparelhos de celular podem causar, ainda que no longo prazo, danos à saúde.

A pesquisa sobre a interação de campos eletromagnéticos e tecidos biológicos foi concluída em 2005. Envolve a área de formação da professora, a engenharia, e parte também para a área biológica.

“Temos uma taxa de absorção específica que é o tanto do campo eletromagnético que é absorvido pelo tecido. Isso pode ser convertido em aquecimento, que é o princípio do micro-ondas. Eu não quantifiquei o aquecimento, apenas a taxa de absorção pelos tecidos”, descreve a professora. Scheila conta que queria justamente medir a quantidade que era absorvida pelos tecidos biológicos e observou taxas bem elevadas que, de acordo com ela, podem ser prejudiciais à saúde.

Segundo a professora, hoje em dia não há como provar se existe o risco de adquirir doenças devido à exposição excessiva, porque essa é a primeira geração a utilizar o celular. “A FDA, uma federação americana, no ano passado já lançou um artigo falando que o celular pode, sim, causar câncer. Foi contra a tese da indústria do celular que dizia que o aparelho não faz mal à saúde. Isso abriu portas para a dúvida”, conta a pesquisadora.

Na pesquisa, Scheila constatou que quanto maior o tempo de exposição maior pode ser o dano. Uma forma de se precaver é, de acordo com ela, evitar ter o celular próximo ao corpo. “Uma medida que já foi tomada são os celulares com fone de ouvido com o microfone acoplado. Isso já tira o celular da cabeça e colocar um pouco mais distante, assim a exposição é menor”, explica.
A pesquisa desenvolvida revelou também que essa radiação é liberada sempre, basta o aparelho de celular estar ligado, pois, a todo o momento a torre de transmissão de sinal está enviando ondas para o celular. “Esse seria o motivo da preocupação maior já que a emissão de radiação é constante”, alerta.

A docente conta que a exposição precoce é ainda mais preocupante porque a caixa craniana de uma criança é mais fina e frágil que a de um adulto e a exposição é basicamente na cabeça. “A onda consegue penetrar com mais facilidade”, explica.

Essa foi uma pesquisa preliminar, na qual a professora mostrou que a exposição acontece e pode criar algum tipo de dano. A descoberta feita foi que há um aumento de temperatura quando o aparelho de celular é utilizado por muito tempo, o que hoje em dia é bastante comum. “As pessoas sentem dor de cabeça, a orelha fica quente. Existem alguns artigos que mostram quebra do DNA através de radiação. Essa pesquisa não é feita na frequência e nem na potência do celular, mas já foi provado que há em frequências maiores.”

Esse dilema do malefício ou não ficará para ser desvendado nos próximos anos. Seriam danos progressivos? O que isso vai fazer ao longo dos anos? Essa é a grande dúvida. “Daqui a alguns anos começaremos a descobrir o que está acontecendo com o uso do celular”, finaliza.

Fernando Santos é estudante de Jornalismo
no Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP)

Scheila Garcez coordena cursos de Engenharia no CEUNSP








domingo, 21 de outubro de 2012

Uma forma diferente de ensinar



Larissa Santos

(AECA CEUNSP Ciência)
Em sala de aula, transformar pessoas, e, consequentemente, transformar o mundo, é o que propõe a professora Érica Cristiane Belon Galvão, 39 anos, bacharel em Análise de Sistemas pelo Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP), em seu mestrado que será defendido ainda neste ano na UNISAL, sob o título Aprendizagem Cooperativa e Comunidades de Práticas: possibilidades para a Educação Sociocomunitária.

Érica conta que o papel do professor não perde a importância, mas ganha novas dimensões e maior responsabilidade, para aproximar o individuo da realidade. Porém, salienta a necessidade que este profissional do conhecimento tem de compreender que já não é suficiente simplesmente juntar os alunos e propor uma determinada tarefa.

A intenção da professora é uma nova configuração social, para que a relação indivíduo, sociedade e trabalho se desenvolvam de maneira sustentável. “Atualmente as pessoas correm freneticamente para estar minimamente informadas. A educação tradicional preza pela competição e pelo aprendizado individual, características que são levadas para fora dos muros da escola. No entanto, quando estes mesmos sujeitos chegam ao mercado de trabalho, são obrigados a trabalhar em equipe, entender e conviver com as opiniões e diferenças alheias”, explica.

A sociedade encontra-se tecnologicamente unida, porém física e humanamente afastada. As pessoas recebem diplomas na escola, lidam com informações objetivas, mas não sabem ousar, criar, correr riscos calculados. Elas sabem lidar com aplausos e desesperam-se diante das vaias. Andam com segurança quando tudo dá certo, mas recuam quando não veem o horizonte e não sabem o que fazer quando tombam no meio do caminho. A aprendizagem cooperativa pode ser uma forma de contribuição para a educação pós-moderna, estendendo a organização dos processos de aprendizagem para a coletividade, meio para favorecer a autonomia formativa dos sujeitos além das suas habilidades sociais.

Para a docente, um dos maiores desafios está em subsidiar os professores que atuam no ensino superior, conscientizando-os da necessidade de transformação da prática docente e fomentando o olhar para as metodologias ativas e as suas implicações favoráveis no processo de desenvolvimento da autonomia e do pensamento crítico do educando. Com o propósito de transformação e emancipação do sujeito e consequentemente da sociedade em que atua.

Larissa Santos é estudante de Jornalismo
do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP)


Érica Galvão fala sobre as possibilidades da Educação

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Professora resgata notícia perdida no tempo

Fernando Santos

(AECA CEUNSP Ciência) Ter que fazer uma investigação minuciosa para encontrar críticas jornalísticas que já foram dadas como perdidas no tempo e na história. Parece filme ou tarefa de detetive. Mas, foi o que a professora do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP), Angela Maria Gonçalves da Costa, 37, fez em sua tese de doutorado em teoria e história literária pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), em 2006. O trabalhou levou o título de “Uma trajetória do esquecimento - o poema A Nebulosa, de Joaquim Manuel de Macedo, e sua recepção critica”.

Tudo começou do desejo de resgatar o poema que ficou esquecido. A professora conta que antes de ser romancista o autor foi poeta e depois que escreveu “A Moreninha” caiu no gosto popular. “Ficou romântico e se tornou o queridinho dos escritores. No entanto, a sua poesia ficou esquecida”, lembra Angela. 

“Quando lançada em 1857, a poesia A Nebulosa fez grande sucesso e os jornais comentavam a obra. Com o passar dos anos, por volta da década de 1860, como ele já havia escrito A Moreninha na década de 1840 e caiu no gosto popular, começou a escrever romances um após o outro e esqueceram-se do poema dele”, conta. A tese da professora traz à tona a importância de Macedo não só como romancista, mas também como poeta.

A pesquisa trabalha com a fortuna crítica da obra. Angela resgatou tudo o que foi falado sobre a poesia, da primeira notícia que, de acordo com ela, foi através do Correio Mercantil, até a última que se tem a respeito em jornais, revistas e críticas literárias.

No século XIX era através dos jornais que chegavam informações e também as obras literárias. Segundo a professora, as críticas jornalísticas faziam trocas de elogios entre os autores para promover a obra de cada um, os panegíricos.

No inicio do trabalho a professora conta que foi difícil encontrar a crítica de Bernardo Guimarães que não fazia elogios à obra e sim uma análise, mas que havia desaparecido. “Eu sabia pelas pistas que ela estava em um jornal chamado A Atualidade do Rio de Janeiro, fui até a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro à procura do jornal, mas ele não existia mais. Procurei em Minas Gerais porque o Bernardo Guimarães é de lá, mas também não encontrei”, relata.

Voltou para a Unicamp e a orientadora indicou um arquivo de jornais microfilmados. Foi que encontrou as seis críticas feitas no jornal A Atualidade. “Foram documentos essenciais e inéditos que sem eles não havia como fazer uma crítica do romantismo brasileiro hoje”, comenta.

De acordo com a professora esse esquecimento se deve ao fato de que era muito mais interessante para os leitores as histórias que apresentavam verossimilhança com a vida delas do que ler poesia, que é mais difícil e requer mais atenção do leitor. “É como as novelas hoje”, compara.

A professora revela que vai fazer com que a memória do poema não seja esquecida. “Estou fazendo uma reedição, sai esse ano. É A Nebulosa, com uma introdução minha, pela Ateliê Editorial, para um público universitário.”

A professora finalmente cumprirá com o desejo de resgatar o poema esquecido e A Nebulosa vai voltar às estantes.

Fernando Santos é estudante de Jornalismo
 do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP)

Angela Gonçalves da Costa é doutora em Teoria Literária