Fernando
Santos
(AECA
CEUNSP Ciência) Antes
era um “tijolão”. Hoje, existem os ultrafinos e com milhares de
funções. Os aparelhos celulares provocaram uma revolução na
comunicação humana e atualmente são indispensáveis, tanto que é
como se fizessem parte do nosso corpo. Não largamos dele para nada.
Está no bolso, na mão, na bolsa, debaixo do travesseiro enquanto
dormimos. No entanto, esses aparelhos emitem radiação e podem fazer
mal à saúde, até mesmo provocar câncer.
Em
sua dissertação de mestrado a coordenadora dos cursos de Engenharia
Elétrica e Mecatrônica do Centro Universitário Nossa Senhora do
Patrocínio (CEUNSP), Scheila Guedes Garcez, mostra que essa
exposição e proximidade com aparelhos de celular podem causar,
ainda que no longo prazo, danos à saúde.
A
pesquisa sobre a interação de campos eletromagnéticos e tecidos
biológicos foi concluída em 2005. Envolve a área de formação da
professora, a engenharia, e parte também para a área biológica.
“Temos
uma taxa de absorção específica que é o tanto do campo
eletromagnético que é absorvido pelo tecido. Isso pode ser
convertido em aquecimento, que é o princípio do micro-ondas. Eu não
quantifiquei o aquecimento, apenas a taxa de absorção pelos
tecidos”, descreve a professora. Scheila conta que queria
justamente medir a quantidade que era absorvida pelos tecidos
biológicos e observou taxas bem elevadas que, de acordo com ela,
podem ser prejudiciais à saúde.
Segundo
a professora, hoje em dia não há como provar se existe o risco de
adquirir doenças devido à exposição excessiva, porque essa é a
primeira geração a utilizar o celular. “A FDA, uma federação
americana, no ano passado já lançou um artigo falando que o celular
pode, sim, causar câncer. Foi contra a tese da indústria do celular
que dizia que o aparelho não faz mal à saúde. Isso abriu portas
para a dúvida”, conta a pesquisadora.
Na
pesquisa, Scheila constatou que quanto maior o tempo de exposição
maior pode ser o dano.
Uma
forma de se precaver é, de acordo com ela, evitar ter o celular
próximo ao corpo. “Uma medida que já foi tomada são os celulares
com fone de ouvido com o microfone acoplado. Isso já tira o celular
da cabeça e colocar um pouco mais distante, assim a exposição é
menor”, explica.
A
pesquisa desenvolvida revelou também que essa radiação é liberada
sempre, basta o aparelho de celular estar ligado, pois, a todo o
momento a torre de transmissão de sinal está enviando ondas para o
celular. “Esse seria o motivo da preocupação maior já que a
emissão de radiação é constante”, alerta.
A
docente conta que a exposição precoce é ainda mais preocupante
porque a caixa craniana de uma criança é mais fina e frágil que a
de um adulto e a exposição é basicamente na cabeça. “A onda
consegue penetrar com mais facilidade”, explica.
Essa
foi uma pesquisa preliminar, na qual a professora mostrou que a
exposição acontece e pode criar algum tipo de dano. A descoberta
feita foi que há um aumento de temperatura quando o aparelho de
celular é utilizado por muito tempo, o que hoje em dia é bastante
comum. “As pessoas sentem dor de cabeça, a orelha fica quente.
Existem
alguns artigos que mostram quebra do DNA através de radiação. Essa
pesquisa não é feita na frequência e nem na potência do celular,
mas já foi provado que há em frequências maiores.”
Esse
dilema do malefício ou não ficará para ser desvendado nos próximos
anos. Seriam danos progressivos? O que isso vai fazer ao longo dos
anos? Essa é a grande dúvida. “Daqui a alguns anos começaremos a
descobrir o que está acontecendo com o uso do celular”, finaliza.
Fernando
Santos é estudante de Jornalismo
no
Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP)
Scheila Garcez coordena cursos de Engenharia no CEUNSP